quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aniversário da vó, Dia de N. Sa. Senhora da Conceição, Casas José Araújo.

Hoje é 8 de dezembro.
Feriado dos bons lá em Recife, a cidade para, comércio fecha, os ônibus pra Casa Amarela viajam super lotados, é dia de subir o Morro, pagar promessa, pedir novas graças, agradecer.
Mulheres descalças, homens de joelhos, crianças vestidas como anjos de azul e branco. Pernas, braços de gesso, roupas, velas, terças, flores, placas, todo tipo de oferta enfeitando o lugar.
É a fé que impulsiona toda essa gente a subir o Morro de Nossa Senhora da Conceição no dia 08 dezembro, uma fé tão enraizada na cultura recifense, que mesmo sendo outra santa a padroeira da cidade, a Imaculada Conceição mobiliza multidões e tem um feriado só pra ela.
Até meados da década de 90, no fim de novembro começava a passar na televisão o comercial das Casas José Araújo, uma loja de tecidos, que pretendia nessa época vender todo seu estoque de tecidos azul e branco, o comercial já era antigo, creio que da década de 70 qualquer recifense com mais de 18 anos lembra da musiquinha desse comercial "Senhora da Conceição, minha mãe minha rainha, dai-me a vossa proteção minha querida santinha. Vela acesa subo o morro pra pagar minha promessa, vou vestir azul e branco pra pagar eu tenho pressa, as Casas Zé Araújo fazem  esta louvação, com o povo rendem graças a Virgem da Conceição"
Essa música era ainda mais especial pra mim, porque me lembrava que o dia de outra Conceição estava chegando, o aniversário da minha vó que recebeu o nome da santa do seu dia natalício. Nesse dia ela sempre acorda cedo pra subir o morro e ter um momento de sossego antes que as visitas cheguem. Como é feriado sempre tem festa improvisada: tem sobrinhos , netos ao redor, meu vô deitado na rede, meu pai tocando violão, tem tia-avó cantando, tem causo antigo sendo recontado, bode, cerveja e infalivelmente tem bolo feito por Nenêm Vieira
Não é que quando criança eu achava que o feriado era em homenagem a minha vó, minha Conceição?
E que me perdoe a Virgem, mas hoje pra mim é dia de render homenagens a minha vozinha sempre alegre, jovial, divertida, forte, guerreira, vaidosa, cantora e tudo de bom.
Hoje é dia de agradeçar a Deus e a Nossa Senhora pela minha Conceição e pedir-lhes que lhe permite ainda muitos anos de vida.


Música do comercial:http://www.youtube.com/watch?v=25ANoX1PL5g

sábado, 30 de outubro de 2010

Ter uma árvore, plantar um livro, escrever um filho.

Nas aulas de psicologia temos debatido muito sobre motivação.
Pelo que aprendemos, motivação nasce de uma necessidade. Ao sentimos necessidade, nos motivamos a satisfaze-la.
O negócio é que nem sempre percebemos nossas necessidades, as vezes tentamos mascará-las ou damos prioridade as necessidades erradas.
Então andei pensando no binômio necessidade-motivação. O que é preciso de verdade pra ser feliz?
Uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais? Um lugar de mato verde pra plantar e pra colher com uma casinha branca de varanda quintal e janela pra ver o sol nascer?
Nãoo, isso tudo é lindo, mas muito utópico. Aliás, eu seria feliz tendo tudo isso, desde que tivesse também um bom carro pra me levar a cidade, se esse sitiozinho ficasse num lugar com boa estrutura médica, urbana, educacional. Ah, uma boa proteção contra mosquitos também.
Eu também seria mais feliz se pudesse sair dessa casinha de vez em quando e fazer viagens e compras. Se contasse também com tv a cabo e internet banda larga.

Errado? Não. Comodismo não é legal. Não é errado desejar coisas melhores pra si, errado é condicionar tua felicidade a isso e não conseguir aproveitar a felicidade da busca.
Acho que tão legal quanto ter, é conseguir ter. É chegar no fim e poder dizer: eu consegui!
Isso se aplica as coisas mais simples, desde a casinha branca ao super carro. Alguém disse que felicidade é o caminho, não a chegada.

Dizem também que pra ser feliz e completo você precisa ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Vou esperar por tudo isso? Claro que não, eu só tenho 22 anos! A árvore eu já plantei, não vou morrer esperando criatividade pra escrever um,livro, então escrevo um blog, e o filho? Bem, esse eu vou exercitando a prática enquanto não chega a hora de encomendar um, afinal felicidade é a busca né?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vida de madrasta

Esse texto eu publiquei na comunidade Madrastas Não! Somos Boadrastas. Surgiu por lá a discussão sobre o amor de madrasta também ser incondicional. Sempre dizem que tratamos bem as crianças parea bajular os pais, os sogros. Para conquistar confiança e etc. Eu sempre digo que ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Madrastas não são obrigadas a gostar de enteados e vice-e-versa, são obrigados sim a respeita-los e o respeito deve ser mútuo. Não se gosta por obrigação e sim por gostar. Eu os amo porque é isso que eu sei sentir por eles.

 Eu não sei mensurar o amor de mãe, não tenho filhos. Mas o amor que sinto pelas "minhas crianças dos outros" é grande demais e isso me basta. Saber que eu os amo, só por amar.


Eu sou a mulher que acompanhou o filho do homem que ama ser gerado na barriga de outra.
Sou a mulher que passou meses imaginando como seria a carinha desse bebê e pedia todo o dia a Deus pra ele nascer com saúde.
Eu o amei desde o início apesar de todas as adversidades, das mágoas de todos e das minhas próprias mágoas e dificuldades.
Eu me alegrei com o nascimento dele por mais que no fundo no fundo uma parte de mim sentisse uma dorzinha espizinhante.
Eu aguardo com ansiedade a hora de ver aquela criaturinha linda sorrindo e segurar ele no colo por 5 minutos e sem poder demonstrar completamente o meu amor.
Espero com ansiedade saber qual será a primeira palavra, quando será o primeiro passo.
Eu o aceitei na minha vida como um presente.
Eu sou a mulher que ajuda a dar banho, comida, leva ao banheiro e brinca de boneca.
A mulher que responde perguntas, satisfaz curiosidade.
Que escuta calada e engolindo choro aqueles fatídicos comentários inciados por "a minha mãe disse..." e ao mesmo tempo sorrio porque esses comentários são feitos no meu colo
Que assiste junto os Backyardigans, Peixonauta e outros do gênero.
Fico cheia de batom até o nariz.
Acho que as pérolas que ela diz são as coisas mais engraçadas do mundo.
Fico toda boba olhando a princesa dormir.

Fico com o coração na mão quando um deles adoece ou quando qualquer coisa pode perturbar ou me tirar o pouquinho que tenho deles.

Sinto que todo estresse vale a pena quando ouço aquela vozinha gritando o meu nome ou vejo aquele sorrisinho de quem ainda não tem palavras.

Eu os aceitei no meu coração, fazem parte dos meus planos futuros.


E ninguém, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, tem o direito de duvidar ou condicionar o meu amor. 

Porque eu sou a mulher que está disposta a zelar pela saúde e bem estar deles.
Tenho a consciência de que meu comportamento está sendo observado por eles, então tento ser a pessoa mais correta possível.
Eu sou a mulher que vai dividir com o pai deles a preocupação com o futuro.
Eu vou ficar imaginando que ele seria um lindo médico e ela advogada maravilhosa. Mas vou dar todo o apoio se ele quiser ser vendedor de cachorro quente e ela atriz de filmes de terror.
Vou estar ainda que escondida comemorando cada vitória, cada conquista deles e lamentando cada derrota.
Eu vou estar lá, mesmo que escondida e sentindo um pouco de ciúmes naqueles momentos onde certamente não vai me caber.
Eu farei o que puder para ve-los tornarem-se uma mulher e um homem de bem.
Estarei sempre por perto mesmo que seja pra ouvir que eu não sou mãe deles, que eu não tenho nada a ver com aquilo.
Vou fazer tudo isso sabendo que por mais amor que eu os tenha eu vou ser sempre a mulher a do pai.


Por isso eu repito: Ninguém, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, tem o direito de duvidar ou condicionar o meu amor.




Marina Monteiro, uma madrasta que não come criancinhas nem dá maçã envenenada.

domingo, 11 de julho de 2010

Preconceito é burrice!

Acho que todo acompanhou nos últimos dias o preconceito contra os nordestinos declarado abertamente numa comunidade no Orkut.
O assunto teve lugar na mídia e provocou ações dos Ministérios Públicos da União e de Pernambuco, assim com da OAB/PE. Choveram denúncias ao google em face a comunidade e a dona.
O cúmulo da falta de humanidade e do desrespeito ao próximo foi demonstrado num tópico que falava sobre a recente tragédia causada pelas chuvas nos estados de Alagoas e Pernambuco. Os membros da comunidade proferiam comentários acerca dos desabrigados, dizendo que as enchentes deveriam ter matado a todos, já que "nordestino é um bicho que não sabe nadar", outro membro da comunidade demonstra temor de que os nordestinos resolvam emigrar para o Sudeste.
Como nordestina, brasileira e humana, essa tragédia me tocou o coração profundamente. Eram pessoas, casa, vidas, histórias levadas pela água. Como Pernambucana residente em Alagoas, sinto tudo em dose dupla, porque vi minha gente, minha terra e a terra que me acolheu sendo destruídas.
Como nordestina o preconceito dessas pessoas me causa dor. Dor por ver que lugares que cresceram com ajuda de nordestinos "cabeçudos" tem habitantes (alguns, nada de generalizações) que não reconhecem a contribuição dada por nosso povo, doe por saber que tem gente que nos julga por nossa aparência física, por nossa condição social e por nossa cultura. Doe ver que gente sem informação abre a boca numa diarréia verbal (sim, tão falando merda) pra criticar pessoas honestas, trabalhadoras, que tanto contribuem para o crescimento do país.
Como humana eu só posso lamentar que esse tipo de pensamento ainda exista, pois enquanto ainda houver gente se julgando superior a outros, vai haver guerra, vai haver desigualdade, vai haver fome.

Deixo aqui um texto de uma nordestina, pernambucana, que o publicou no Orkut. Edjane Brayner

Tenho pena de voce pela falta de informação.Voce já ouviu falar em Chico Anísio,Chacrinha,Alceu Valença,Elba Ramalho,Tom Cavalcante?
Alguem já lhe falou em Ariano Suassuna? É, aquele do Alto da Compadecida.
Vou lhe fazer uma pergunta mais direta,voce é alfabetizado? Porque mal informado,está na cara que é.
Voce sabia que os maiores e mais inteligentes membros da Academia Brasileira de Letras,são Nordestinos?Acho que não,gente como voce anda com um livro em baixo do braço ,só para separar os pelos do sovaco.
Não culpe os nordestinos por não ter emprego,vá se capacitar.Esse cheiro que voces sentem é de suor de trabalho,nada que um banho ao chegar em casa não tire.O importante é que no final do mes o salário está lá e a família de barriga cheia,não se espera mesada de painho e vai torrar no shoping.
Aqui,como em todo lugar do mundo,tem loja de perfumes importados caríssimos,as vezes compramos,mas só as vezes pois sabemos de onde vem nosso dinheiro.
Não se engane com a aparência,os nordestinos que voce cê ai, é gente de muito caráter,se pegou um de seu empregos é porque tem capacidade para tal,seja ele pedreiro,eletricista,médicos,etc...
Tenho um amigo que é engenheiro na N.A.S.A.,sabe onde é? Quem voce conhece que trabalha lá?
Portanto,não interessa em que lado do mapa voce nasceu,o Brasil é muito grade e em todo ele tem cheirosos e fedidos,ricos e pobres,e infelismente os de boa e má índole.
Sinto muito por saber que entre seres humanos, que é o que nós somos,existem pessoas como voce.
Há,esqueci de dizer,sou NORDESTINA ,PERNAMBUCANA,E o seu presidente ,é áquele 
Luis Inácio,TAMBEM.












Marina Monteiro, Nordestina, Pernambucana, Alagoana e orgulhosa de tudo isso.

domingo, 4 de julho de 2010

Hoje entrei despretensiosamente numa banca de revistas com o Sr. Namorado e meu olfato me fez embarcar no túnel do tempo.
Quando eu era menininha lá em Recife, domingo era dia de ir pra casa da vó. Como era perto, o caminho era feito pé e sempre tinha a parada na Banca do Chico, então começava o ritual pelo qual eu esperava a semana toda. Entrava na banca, cumprimentava o Chico e partia pra difícil tarefa de escolher uma revistinha. Ficava lá, perdida, admirada olhando aquela variedade, tudo naquele lugar me encantava, as cores das revistas, os doces e o cheiro. Vocês já prestaram atenção no cheiro de banca de revista?
Nossa! Eu adorava aquele cheiro que emanava das revistas e jornais (até hoje me sinto bem ao sentir o cheiro do jornal), o cheiro que saía do freezer da Kibon e ficava no ambiente quando o Chico botava no colo pra me ajudar a pegar um picolé Frutilly. Era pra mim a combinação perfeita: quadrinhos da Turma da Mônica e picolé Frutilly.
Hoje quando entrei na banca, senti de novo esse cheiro, minha atenção agora se volta pras revistas de "gente grande" e já não posso mais tomar o Frutilly, mas dou graças por ainda ficar fascinada com uma coisa tão simples.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Teus olhos

São dois faróis os teus olhos, olhos vivos na escuridão, tal qual luz no fim do túnel.
O que mais há nesse túnel, é um mistério que com medo me atrevo a desvendar. Emoções, segredos, medos, marcas, tudo esperando para ser descoberto. Vou como um animal cego aguçando os sentidos e tateando os teus obscuros caminhos, iluminados apenas por teus olhos de farol.
A cada passo descubro uma nuance, um detalhe teu, teço uma colcha com retalhos da tua história e uso-a quando sinto frio. Colhi um punhado de teus melhores risos e guardei numa caixa para libera-los quando um sorriso se fizer necessário. Das tuas lágrimas fiz um poço onde tua alma está refletida no espelho d'água a se mostrar para mim.
Vou juntando os pedaços de você que deixas pelo caminho na esperança de que esses pedaços me levem até a luz no fim do túnel, luz dos teus olhos de farol.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Recomeço

Reativando esse espaço...
Um lugarzinho pra ser minha "penseira", um depósito de idéias, de sensações e tudo que me vier a cabeça.
Não espere uma definição pra esse blog, nem eu sei ao certo do que ele vai se tratar...