quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vida de madrasta

Esse texto eu publiquei na comunidade Madrastas Não! Somos Boadrastas. Surgiu por lá a discussão sobre o amor de madrasta também ser incondicional. Sempre dizem que tratamos bem as crianças parea bajular os pais, os sogros. Para conquistar confiança e etc. Eu sempre digo que ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Madrastas não são obrigadas a gostar de enteados e vice-e-versa, são obrigados sim a respeita-los e o respeito deve ser mútuo. Não se gosta por obrigação e sim por gostar. Eu os amo porque é isso que eu sei sentir por eles.

 Eu não sei mensurar o amor de mãe, não tenho filhos. Mas o amor que sinto pelas "minhas crianças dos outros" é grande demais e isso me basta. Saber que eu os amo, só por amar.


Eu sou a mulher que acompanhou o filho do homem que ama ser gerado na barriga de outra.
Sou a mulher que passou meses imaginando como seria a carinha desse bebê e pedia todo o dia a Deus pra ele nascer com saúde.
Eu o amei desde o início apesar de todas as adversidades, das mágoas de todos e das minhas próprias mágoas e dificuldades.
Eu me alegrei com o nascimento dele por mais que no fundo no fundo uma parte de mim sentisse uma dorzinha espizinhante.
Eu aguardo com ansiedade a hora de ver aquela criaturinha linda sorrindo e segurar ele no colo por 5 minutos e sem poder demonstrar completamente o meu amor.
Espero com ansiedade saber qual será a primeira palavra, quando será o primeiro passo.
Eu o aceitei na minha vida como um presente.
Eu sou a mulher que ajuda a dar banho, comida, leva ao banheiro e brinca de boneca.
A mulher que responde perguntas, satisfaz curiosidade.
Que escuta calada e engolindo choro aqueles fatídicos comentários inciados por "a minha mãe disse..." e ao mesmo tempo sorrio porque esses comentários são feitos no meu colo
Que assiste junto os Backyardigans, Peixonauta e outros do gênero.
Fico cheia de batom até o nariz.
Acho que as pérolas que ela diz são as coisas mais engraçadas do mundo.
Fico toda boba olhando a princesa dormir.

Fico com o coração na mão quando um deles adoece ou quando qualquer coisa pode perturbar ou me tirar o pouquinho que tenho deles.

Sinto que todo estresse vale a pena quando ouço aquela vozinha gritando o meu nome ou vejo aquele sorrisinho de quem ainda não tem palavras.

Eu os aceitei no meu coração, fazem parte dos meus planos futuros.


E ninguém, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, tem o direito de duvidar ou condicionar o meu amor. 

Porque eu sou a mulher que está disposta a zelar pela saúde e bem estar deles.
Tenho a consciência de que meu comportamento está sendo observado por eles, então tento ser a pessoa mais correta possível.
Eu sou a mulher que vai dividir com o pai deles a preocupação com o futuro.
Eu vou ficar imaginando que ele seria um lindo médico e ela advogada maravilhosa. Mas vou dar todo o apoio se ele quiser ser vendedor de cachorro quente e ela atriz de filmes de terror.
Vou estar ainda que escondida comemorando cada vitória, cada conquista deles e lamentando cada derrota.
Eu vou estar lá, mesmo que escondida e sentindo um pouco de ciúmes naqueles momentos onde certamente não vai me caber.
Eu farei o que puder para ve-los tornarem-se uma mulher e um homem de bem.
Estarei sempre por perto mesmo que seja pra ouvir que eu não sou mãe deles, que eu não tenho nada a ver com aquilo.
Vou fazer tudo isso sabendo que por mais amor que eu os tenha eu vou ser sempre a mulher a do pai.


Por isso eu repito: Ninguém, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, tem o direito de duvidar ou condicionar o meu amor.




Marina Monteiro, uma madrasta que não come criancinhas nem dá maçã envenenada.

2 comentários:

Viviane Wehdorn disse...

Nossa, Marina, que texto lindo! Ninguém tem o direito mesmo de duvidar dos sentimentos dos outros. é...ser madrasta é ser sempre "quase mãe"... e nem sempre ser reconhecida por isso. Mas os pequenos reconhecem sim... quando é verdadeiro, eles sempre reconhecem!

Bjs.

Vicka.

PS: como faço pra seguir seu blog?

Janinha disse...

rsrsrsrs...teoria maravilhosa, mas pratica eh pratica!!!!!!!!!!